segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Mudam-se os tempos, mantêm-se as vontades

Pois é. Como eu temia, mudam-se os tempos, mantêm-se as vontades. Suspiram vozes ocultas, ecoa a revolta escondida no medo. A nova redacção do Janeiro é vítima de salários em atraso, mas continua fiel ao seu dono, na abnegada missão diária de construir um jornal destruído.

Eu sempre respeitei os vizinhos de cima e não deixo de os respeitar só porque se sentaram na minha cadeira. Perdi o lugar. Não mo roubaram. Eles sentam-se na cadeira e agitam os dedos. Escolhem as letras. Esse exercício quase inútil de reanimar um morto não merece, sequer, a recompensa salarial.

Mudam-se os tempos, mantêm-se as vontades. O Janeiro merecia morrer sossegado.

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